1910-1920

Em 8 de novembro de 1910 partiram do porto de Trieste, na época pertencente à Áustria, os três mosqueteiros estigmatinos rumo ao Brasil: Pe. Alexandre Grigolli (29 anos), Pe. Henrique Adami (27 anos) e Irmão Domingos Valzacchi (42 anos). Desembarcaram no Rio de Janeiro em 2 de dezembro do mesmo ano.
Após se desembaraçarem do serviço de imigração, pernoitaram num hotel e, no dia seguinte, partiram de trem para Sete Lagoas, Minas Gerais.
Em Sete Lagoas, saíram à procura do assentamento e do seminário. Depois de três horas a cavalo chegaram no meio de um mato sevagem: uma casinha de madeira e uma casa de barro, velha e caindo. Era tudo!
Pe. Alexandre, inconformado, dirigiu-se com Pe Adami a Mariana para conversar com o Bispo Dom Silvério Gomes Pimenta.
Pe. Alexandre foi enviado pelo Bispo a Sete Lagoas. Pe. Adami ficou sozinho em Mariana e o Irmão Domingos, dias depois, se juntou ao Pe. Alexandre em Sete Lagoas.
A situação deles foi muito bem descrita pelo Pe. Adami num desabafo sofrido, mas quase poético e carregado de carisma de Bertoni: "Que dias terríveis! Que horas pavorosas! No meu quartinho, sozinho como um condenado a dura prisão, após cansativos dias viajando de trem, longe dos meus companheiros, perscrutava o crepúsculo através da janela. Nada havia que pudesse me alegrar. Diante de mim um pasto imenso; ao fundo, dois negrinhos brincando; longe, uma cisterna, aonde alguém vinha buscar água... Nem um pouco de alegria... Tudo era triste... muito triste. O pensamento... na Itália, no Brasil, nos entes queridos distantes... no futuro incerto e confuso... Chorei! E o fiz muitas vezes! Porém, nem só um instante de arrependimento, nem o menor desejo de retornar para a Itália. Não! Deus o quis. Os superiores nos escolheram: dois jovens, para começar a obra no Brasil, e a obra tinha que vingar. Deus estava conosco!"
Pe. Alexandre deixou Sete Lagoas sem falar com o Bispo, o que o desagradou, e foi para São Paulo. Aqui obteve ajuda dos Padres Escalabrinianos (Pe. Luiz Capra).
Depois, o Ir. Domingos também deixa Sete Lagoas e vem para São Paulo encontrar com o Pe. Alexandre e, por último, Pe. Adami vem se juntar aos dois, vivendo temporariamente num Orfanato dos Escalabrinianos no bairro do Ipiranga.
Pe. Alexandre buscava incessantemente um local para se estabelecer. Algumas possibilidades como Barretos (SP) e Florianópolis (SC), foram cogitadas, mas sem uma definição concreta.
Finalmente, o Superior Geral Escalabriniano, Pe. Domingos Vicentini, em visita a São Paulo, resolve ir com o Pe. Alexandre Grigolli até Curitiba para conversar sobre a possibilidade de assumir Tibagi, Paraná, e para isso, os dois foram falar com o Bispo D. João Braga.
Dias depois, Pe. Adami e Ir. Valzacchi receberam um telegrama de Curitiba com a seguinte mensagem de Pe. Alexandre: "Tibagi é nosso!".